Eiger Ultra Trail - E101 (2025)

 


Um desafio pelos Alpes e a temível face norte do Eiger  GrindelWald




Em novembro de 2023, num ato de loucura e sem saber muito desta prova, realizei a primeira pré-candidatura para o sorteio, não fui contemplado.

Apesar de dizerem que no segundo sorteio é mais fácil sermos selecionados, sem muita espectativa, inscrevi-me em Novembro de 2024.... Sendo eu uma pessoa de sorte, fui sorteado, nesta fase, o sabor era agridoce, a oportunidade por conseguir participar e o receio habitual de não saber onde me ia aventurar, apenas delirava com as paisagens, prometiam ser deslumbrantes. Mas como a paixão pelo Trail é enorme, apenas olhei para a distância e para a altimetria, a Suiça é um país fantástico com paisagens fenomenais, aquelas imagens de cartão de visita, apenas as vemos nos filmes. A decisão foi: Vamos lá para essa loucura!...

Após o pagamento, iniciaram-se os preparativos e os objetivos monetários. Alugar um espaço, a bela da loucura... Os valores são altos, preparem-se, bem acima de Chamonix (localidade onde se realiza o UTMB), mas como são objetivos de longo prazo, vou amealhando para estas loucuras, posso já confessar que já iniciei a poupança para a próxima e ainda nem sei qual vai ser... Mas será mais uma para ficar gravada na alma... 

Porque, isto é uma forma de viver, esta passagem por cá... 

Chegamos a Grindelwald, no final do dia, ter iniciado às 4:00 da manhã... Após a análise das possibilidades dos voos, temos duas hipóteses. Voamos para Genebra (a nossa opção) ou a alternativa seria Zurique, cerca de 4h30 de comboio até ao local da prova... Basta verem as opções mais baratas e os horários que mais vos convém, têm de ir até Berna e depois em direção ao local da prova...

A nossa escolha foi aterrar em Genebra, de forma a chegar a tempo de descansar e visitar um pouco, mas caminhar aqui? São subidas em poucos passos... Bons campos de treino de altímetria.... 15 dias aqui e parecia uma bala a subir, ou talvez não, continuava o mesmo caracol, mas mais liso na carteira... Ahahah...

     Estamos deslumbrados com a beleza deste local mesmo no "coração" da Suíça... Paisagens lindíssimas, de postal de correio… Acho que a namorada vai encher o espaço restante do telefone com tanto registo fotográfico… 😊

 

Vista em GrindelWald

Dia de levantamento de dorsais, nesta experiência, isto não tem nada de importante, mostras o CC, uma breve explicação do GPS, para te seguirem na prova, uns papéis sobre a prova e já está feito... Ahhh... E uma mochila para ficarmos todos vaidosos para passear com ela, como se um cartaz fizesse referência, a uma outra prova qualquer que já realizaste e quando a concluis é como te orgulhasses do feito... Como passear uma medalha... Vocês sabem como é, não é ter a mania, mas o orgulho de ter realizado mais uma aventura algures por aí...

Um dia de sol fantástico com calor, uma caminhada que nos põe a suar, previsão de tempestade? São loucos, isto aqui não se passa...

 

Eiger em pano de fundo


Dia da PROVA

Deito-me cedo no dia anterior, mas dormir, "é mentira", nunca consigo adormecer facilmente, até me sinto descontraído, a prova foi alterada e retirado uns km's mesmo ao final da tarde depois da previsão de tempestade se manter, apenas os pontos mais altos vão ser desviados, por segurança dos atletas, a organização, retira 34 Km, em resumo, retiram também 2000 d+, não vamos fazer a ascensão aos dois pontos mais altos da prova (Faulhorn e Eiger)... Eu, aceito, mas fico com um sentimento de pena. Vim cá e não queria repetir esta prova, queria fazer os 3 dígitos... Mas vamos mudar de assunto... 🤣.

O Dia D


            2:50 am, vamos lá acordar, equipar, última verificação, pequeno-almoço e vamos lá...

Encontramo-nos com o Fernando no local que estava combinado, beijos e abraços, despeço-me da minha fã N⁰1, não perde uma partida, gosta de acompanhar de perto... Ela é fantástica!!!

Preparativos finais...

Inicia a contagem decrescente e vamos lá, em alcatrão sempre a correr, começo a sentir que o meu ritmo está rápido demais, porque isto de ser sempre a subir não é fácil mesmo que seja sempre alcatrão, depois de 5 km, entramos nos trilhos, já tinha feito umas caminhadas pelo meio, começou o "desafio"...

Sempre a subir, em single track, nada técnico, nada difícil, só não ia a correr porque o pessoal ia a caminhar e a tirar fotos... Ahahah... Para começar, é a cereja em “baixo do bolo”... Porque o melhor estava para chegar... Kkkk... Em 9 km, 990 d+, que belo aperitivo.... Encher as garrafas, beber água e uns petiscos e rapidamente estava a continuar o desafio... O Sol dava sinal de si…

Nascer do sol (primeiro abastecimento)

 Depois do primeiro abastecimento, já dava para correr, mas o corpo não estava a responder, dava para ir rolando, assim me mantive, a pensar: "Abusei na partida!" Vamos ver o que vai dar, aqueles pensamentos internos, temos a mente sempre a vaguear...

                Continuo a trotar, a tentar "acordar" as pernas, não estava a dar para correr, mas segundo a análise preliminar, a descida deve estar por aí a chegar…

                E chegou, mas que descida, como alguém comentou um dia: "É só abrir a passada!" Fácil? Se eu fosse um gajo alto de perna… 🤣… mas lá fui acelerando e consegui manter um ritmo constante, mas lento…

    As paisagens enchiam a alma, a cada curva, a cada km… Durante a descida, fomos avistando o First, passamos mesmo ao lado, quase que dava vontade de “atalhar”, porque a vontade de chegar ao topo era enorme, a curiosidade em contornar a rocha pelos passadiços em ferro…

    A descida continuava, pelas pistas de karts que se pode alugar por aqui. Pesquisas realizadas antes da viagem e facilmente as identifiquei, a descida. Mas não seria eterna e tinha de terminar, num abastecimento…

A segunda subida...

Ao iniciar a subida, não estava animado, nem motivado, não me senti-a com energias, as paisagens atenuavam o sofrimento da subida, parava algumas vezes, deixava a malta passar, a vontade de me sentar era muita, fui parando e contrariando a vontade que entoava na cabeça, estava aborrecido… Tentei mudar os pensamentos, não estava a conseguir focar-me… O único pensamento servia de companhia e foi a minha alavanca, era a frase interna: “ Vais ter de chegar lá acima!”.

Sabia que estava a tentar alcançar o ex-líbris da prova... First... Já a visualizava ao longe… Uma plataforma construída em ferro, com uma paisagem, a circular em torno de uma montanha... Brutal! Como será visualizar lá em cima?

Confesso, inventei no pequeno almoço, ingeri algo que tinha abolido da minha alimentação fazia muito tempo, parece que ainda andava aqui a incomodar, um pouco indisposto. 

Possívelmente seria a última subida… Há medida que me vou aproximando, oiço a minha Fã a chamar por mim, ou estava com alucinações auditivas? Questionava-me: “Será que ela está lá?”, “Será aquela pessoa ali?”, procurava por todos os pontos para ver onde ela podia estar…


                Ao chegar ao ponto mais alto, os chocalhos soavam a motivar os participantes, chocalhos enormes e os “animadores” teriam de ter uma forma física possante para segurar em tais "ferramentas" 🤣, em modo de concerto motivacional, espetacular!!! Estava a ganhar energia…

Plataforma Metálica no topo do First

    Ao chegar ao abastecimento a fã já esperava por mim, com cara de preocupada, não podia entrar para ajudar…. Enchi os flasks com água, comi algo ligeiro… Tinha de seguir… Evitei a sopa e afins, só coisas leves para ver se recuperava… A fome não era muita, mas a vontade de ligar o turbo era enorme…



A chegada ao abastecimento

Começou a prova...

Saí desta base de vida, completamente renovado, perdi imenso tempo nos primeiros 24 km, não estava a conseguir impor ritmo, já somava 1900 d+ de acumulado… Depois de First, começou a prova…

A vista do abastecimento

Vamos em direção a Feld, não era um planalto, mas era praticamente, sem muita subida, nem muita descida, sentia-me a renascer, estava a recuperar lugares, nestes cerca de 6 Km, vou-me recompondo e em pouco mais de 1 hora já estava no abastecimento seguinte, não posso deixar de reforçar que as paisagens são espetaculares e enchem a alma de quem adora a natureza e os trilhos…

Mais uma descida para acelerar...

O próximo abastecimento fica em Schwendi, praticamente uma descida de 8 km, depois da alteração da prova evitamos a primeira grande subida que seria em direção a Faulhorn. Assim sendo, seguia a bom ritmo, nesta descida, já sabem que não sou velocista, mas a descer gosto de impor ritmo, para as provas de longa distância por vezes não é benéfico, as pernas com o decorrer da prova, “queixam-se” e pago uma “fatura” elevada, mas não resisto a uma boa descida… 

Entre cada abastecimento apenas saboreava a beleza paisagística que estava a viver, a prova não é fácil, mas vale cada km… Não se iludam com a minha descrição, pois cada um de nós sente as loucuras de forma diferente, embora não estava a alucinar, apenas surgiam imagens de criança em que vivia os momentos de animação, vivíamos num mundo irrealista cheio de gnomos, Heidi e afins…. Aqui em qualquer esquina apareciam bonecos no jardim, eram os gnomos, parecia tudo mágico. Confesso, mais um sonho concretizado, onde vou colocar um "done" de mais uma conquista...

Enquanto isso, a bom ritmo, o sol brilhava intensamente e eu continuava a questionar-me porque tinham eliminado a primeira subida se a tempestade nem de perto se avistava, ao olhar para os picos mais altos, as nuvens adensavam-se e estavam um tempo duvidoso, mas daí a uma tempestade, pensava estaria longe disso…. Lembrem-se que estava a correr nos Alpes e em alta montanha a “coisa” complica…

Inícia mais uma subida...

Após passar no abastecimento, Km38, mais um bom abastecimento, a base de vida, onde estão os sacos. Sinto-me confortável e estou pronto para seguir, não tenho vontade de parar muito tempo, como algo rápido, leve e abasteço uns géis, dado pela organização, arriscado testar outras marcas, mas nesta fase está tudo controlado… Muitos atletas estão a trocar roupa, eu facilito essa troca e avalio a necessidade, como levo sempre alguma roupa básica comigo, não vejo a necessidade de trocar…

Volto aos trilhos a bom ritmo, não parei mais de 5 minutos (acho eu!), porque por vezes parece que o tempo voa. Estava pronto para enfrentar uma grande subida, embora disfarçada no guia do atleta, pelo meio, surgia um abastecimento, a soma total, eram cerca de 8km, com 1300 D+, a tal "ratoeira"… Mentalmente, partimos isto em dois, o foco, seria no próximo abastecimento! 

Durante a subida, avistamos o teleférico (Eiger Express), em direção a Mannlichen, a diferença, é que fazemos a subida praticamente a ver a movimentação destes, onde os acompanhantes de prova podem nos seguir, viajando e apreciando a beleza destas montanhas imponentes, até aos pontos de abastecimento…

Ao chegar, a meio da subida, o abastecimento desejado, Holestein, ressoa na mente, metade já está e continuo confortável, tento não parar, verifico a quantidade de água nos flasks, abasteço, tinha ouvido umas palavras de incentivo da equipa de apoio do Fernando, palavras de força, sabe sempre bem quando a brincadeira está num momento de dureza mental. Como algo e volto rapidamente aos trilhos, ainda tenho a subida para concluir…

A subida, mantinha-se com uma inclinação, digamos, simpática, a cada passo vamos subindo e avistando a conclusão, o sol foi-se escondendo, quase a terminar a subida, os primeiros pingos de chuva, nada demais, daí a uma tempestade, estavamos longe disso… 

Foco na prova e na subida, cerca de 3 horas depois de subida constante, termino no pico da montanha, um restaurante ou algo parecido em alta montanha, palavras de incentivo dos espetadores e acompanhantes de outros atletas, mantenho a estratégia nesta prova, entrar e sair rapidamente, para não arrefecer o corpo…

A Tempestade...

    Pouco depois de sair do abastecimento, o vento aumenta a intensidade, a vantagem seria estarmos no ponto mais alto da prova em mais um abastecimento e agora? Apesar de faltar cerca de 900 D+ para concluir, seria maioritariamente a descer… Imponho ritmo, mas na parte final deste troço, a chuva surge intensa, goteiras grossas, estava a evitar colocar o impermeável, mas não tive qualquer hipótese, senão parar, tirar o colete, tentando não arrefecer. Trovões, chuva, vento… Nem parecia a prova onde tínhamos corrido durante várias horas, com sol, em que o protetor solar era o nosso melhor aliado, assim como os óculos de sol… 

    Chego ao próximo abastecimento, percebo que tinham alterado a posição, era uma espécie de uma garagem, nesta zona, as casas eram típicas assim como a estação de comboios, ao lado um restaurante antigo que nos fazia recuar no tempo, era o abastecimento Kleine Scheidegg, é a zona de onde avistamos a face norte do Eiger, também um ponto de atração de inverno para os amantes de Ski… 

    Posso vos confessar, que apesar de as paisagens serem excelentes, não vi nada… Só pensava que iria evitar mais uma subida em direção ao Eigergletscher, seria mais um abastecimento icónico da prova e o segundo ponto mais alto. Sendo eu, um caracol a subir, no dia da prova e devido a esta alteração, só pensava: “Ainda bem que isto foi facilitado!”, atualmente já não penso da mesma maneira, mas no final, eu explico essa parte… Ahahah… 

    O frio estava intenso e no abastecimento começo a tremer de frio, epah, vamos embora que isto não está para brincadeiras e não tarda não páras mesmo de tremer e lá se foi a prova...

Iniciando a descida...

     Mentalmente, a prova estava realizada, só pensava no próximo abastecimento, sabia que os pontos mais altos estavam concluídos, seria sempre a descer por bosques e trilhos fantásticos, misturando pelo meio os típicos caminhos de terra batida de montanha, alternando com algum alcatrão (mas pouco)…         Mas a descer, tudo é mais fácil, algumas dores musculares, do desgaste da prova, a prova já decorria há 10 horas e apesar de partir a prova em fatias, o corpo sempre se queixa, poucos géis inseridos, aquela tão falada ingestão de carboidratos e afins, nunca ligo a nada disso, apenas vou comendo nos abastecimento e por vezes umas barras energéticas quando sinto um “ratito” a incomodar, as flasks são cheias no inicio, uma apenas água e a outra com isotónico, quando termina o isotónico, é reabastecido até ao fim com água. Nos abastecimentos, a Coca-Cola é a minha aliada, mas acho que é mental, que me faz sentir bem, dizem que dá um "boost" de energia. Não sinto nada, só corro mais rápido, nas descidas… Ahahah… Entretanto passo pela linha de comboio e a minha mente vagueia, aquela ideia: “Oh, deve ser giro subir isto de comboio!”. Foco na prova e vamos lá…

                Chego ao próximo abastecimento ainda com água, não preciso abastecer ainda tenho água, petisco algo entre o doce e o salgado, já que estou na Suiça tenho de aproveitar e comer um chocolate, normalmente as batatas fritas são as aliadas mas tenho de deixar de comer isto. Uma fruta, a de eleição é a banana,  para manter as energias ou será para manter a fome longe? Tudo equilibrado e pronto para continuar a descer, surgem algumas subidas pelo meio, mas uma análise pouco cuidada no plano de prova e faltava mais uma subida, mas que subida…

A última subida

    Em direção a Pfingstegg, por entre bosque, raízes e afins, a subida total, quase equivalente a uma “Terrível” o campo de treinos, mas para pior, por cima circulava mais um teleférico, a subida entre lama e erva, não era de todo fácil, desligar o complicómetro e um passo de cada vez, tentando não parar.             A subida mantinha-se imponente, os bastões auxiliam, mas vou deixando passar alguns atletas, com apenas 1,7 Km e um acumulado de cerca de 300 d+, uma inclinação violenta nesta fase da prova e as pernas a "gritavam", mas a vontade para cruzar a meta aumenta, só anseio chegar ao abastecimento é anunciado o fim da subida, vejo o local de onde chega o teleférico, está quase a terminar, curva à esquerda, curva à direita, parece que nunca mais tem fim, contorno a “casa” e numa tenda. Aí está o abastecimento!!! Não páro e início de imediato a descida, seria praticamente assim até à meta, não olho para trás, já não quero saber de nada… aumento o ritmo, vejo alguns atletas também com alguma força nas pernas… "Já cheira... a meta é "já ali"

                                                            A meta

                Só imaginava percorrer a fase final, a ponte em madeira situada no corredor da meta, tocar o chocalho, fazer barulho e abraçar a minha Fã, pelas mensagens que vou recebendo, vontade de me ver a cruzar a meta não lhe falta, para entrarmos em modo de missão cumprida. Vamos lá passear um bocadinho…

                Entre descida intensa, deslumbrava as planícies verdejantes, piso de pedra, tinha de ir atento porque não seria difícil pousar mal o pé e sofrer uma entorse. Em pequenos troços de alcatrão, as pernas mantêm o ritmo mas já não conseguem acelerar. O tico e o teco interior discutem e apenas lhes digo: “Calem-se! Isto agora e só chegar à meta!”

                Mas, quando olho para o trilho que falta concluir, vejo uma subida de cerca de 100 metro, em alcatrão, Jasus… Que p*t@ de ideia destes gajos, já não chegava? Mas rapidamente penso, tem de ser, não adianta reclamar, mas sim ser grato por aqui ter chegado! Pouco depois finalmente em GrindelWald, ou melhor, eu já estaria, mas não fazia a mais pequena ideia. O que quero dizer é que já reconheço a vila e sei que estou a terminar, nem que seja de rastos… ahahah… A vila que inspirou para uma personagem do famoso filme de Harry Potter. Mas com estas paisagens, até eu saio daqui inspirado…

                Cruzar a meta, é aquela sensação interior, mais uma superação, fácil? Não foi! Mas teria sido bem mais difícil no percurso original. Perto da ponte de madeira, comemoro  a chegada com a minha namorada, já esperava por mim e em “pulgas” por mais uma conclusão… 

Vídeo da chegada:


            Continuo e desço a última rampa a bom ritmo e finalmente uma boa “cacetada” no sino da chegada!! 

O sino tão desejado!

    Mais uma conclusão, na posição 415º da geral e em 61º no escalão, com o tempo de 10h52m58s… Prova superada!!!

Uma rocha, conquistada!


            A medalha de finisher tem a particulariedade de ser uma pedra trabalhada por um artesão desta localidade, portanto, pela primeira vez conquistei um "calhau" para o medalheiro!!


Chegar até Grindelwald

Para participarem nesta prova, têm de passar pelo sorteio, como disse, tive a sorte de conseguir na segunda tentativa.

Temos duas opções para chegar há vila do Trail, no meu caso que parti do aeroporto do Porto, poderia escolher em aterrar em Genebra ou em Zurique. Eu pessoalmente optei por Genebra, mais opções de escolha. Como sabem os preços variam, eu compro com algum tempo de antecedência, mas logo que sou sorteado e pago a inscrição, começo a procurar pelas estadias, hotéis ou valetas… Ahahah.

Conseguimos alugar um espaço perto da partida, a uns metros, mas quando realizarem as reservas, apesar de existir comboios, não sei se funcionam na hora da partida da prova. A E101, tem hora marcada para as 4 a.m.. Não se esqueçam desse pormenor.

                A minha surpresa foi os preços que se praticam nesta zona e nesta altura do ano, Chamonix até tem um preço baixo… 😊 Depois de tudo reservado (estadia) e voos, chegou o quebra-cabeças…. Mas afinal como vou lá chegar?

                Mas acreditem que não é difícil, apenas uma boa dose de paciência tudo se consegue. A viagem é cansativa, cerca de 4 horas de comboio, no meu caso, fiz a reserva no site da SBB CFF FFS, instalei a aplicação e fiz várias pesquisas, agora entendo, mas na altura fritei o miolo…

                Existem diversas opções, mas a que escolhi e achei mais vantajoso, foi o Saver Day Pass, basicamente compras este passe e podes viajar durante aquele dia, sem limitações de horário. Basicamente, se o avião se atrasar, vais no próximo comboio. Como tens vários transferes a realizar, se te perderes ou te baralhares, segues no próximo. Em resumo, comprei dois Saver Pass Day, para a ida e para o regresso.  

Tivemos a sorte de quando aterramos, realizamos a troca de alguns euros para Francos Suíços. No aeroporto, existe o quiosque da SBB, pagas uma taxa de 5 euros ou 5 Francos. Nada difícil de encontrar, pois é na direção (perto) da escada para os comboios. A senhora que estava a atender no quiosque, extremamente simpática e atenciosa, percebeu que o meu inglês ou mesmo o francês eram línguas longe de boas, fez questão de nos explicar tudo em espanhol, não é a língua top (aliás não há nenhuma que domine 😊) mas deu para perceber. Passou toda informação necessária e alertou que a fama dos suíços, não é verdade, não são pontuais (em relação aos comboios) e que existem atrasos, no regresso teríamos de viajar mais cedo para não perdermos o avião devido a atrasos dos comboios.

           Para lá fomos por um “lado” do país, para cá regressamos por outro lado, apreciamos as paisagens e ainda fomos visitar Montreaux.

           Na ida, devido a obras, teríamos um transfer, para mudar para um autocarro perto de Berna, bem tranquilo, bem organizado, nem precisas de falar, só estar atento e seguir as indicações.  

            Se quiserem participar nesta prova, estão as dicas genéricas, em relação às paisagens, vale bem a pena, quanto à prova, adorei, mas fica o bicho a roer por não ter ascendido aos picos mais emblemáticos e mais difíceis da região. Volto um dia, quem sabe, agora a loucura será encaminhada para outras paisagens.


Agradecimentos especiais!!!

Quero deixar um agradecimento especial à minha namorada, por me acompanhar e apoiar nestas loucuras, porque realizar uma prova com o devido apoio, em prova e fora dela nos preparativos e nas viagens é sempre melhor. A minha fotografa de serviço e sei que sofre bastante enquanto eu estou em prova, mesmo que o vento sopre e as cabines abanem (private joke), ela está lá firme a esperar por mim.

Seguimos juntos, caminhando lado a lado!

Um especial agradecimento também à Câmara Municipal de Estarreja, por apoiar o desporto e ter contribuído para a deslocação não ter sido tão violenta em questões financeiras, grato de coração.

Em relação às loucuras, certamente que vão continuar, ainda não está planeado nada em concreto, apesar de ideias e objetivos escritos no segredo dos deuses. Lembrem-se na vida e nas provas é tudo:

“Uma Questão de Atitude!”

Vemo-nos por aí… Até o próximo artigo… Ou até à próxima prova...

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