Pisão Extreme – Train Hard Race
Harder
O
desafio do ano, foi em S. Pedro do Sul, pelo segundo ano propus-me a
ultrapassar os meus limites e tentar concluir esta prova, em representação de OPraticante.pt,
tentando superar a distância de 27 Km, a qual no ano anterior (2018), tinha sido
barrado. Este evento organizado pela SpotCriativo e a equipa Viseu Running Team
em colaboração com o Município de S. Pedro do Sul, com o apoio das entidade
locais (Junta de Freguesia de Carvalhais e Candal, ATASA, Bio Parque do Pisão).
Com 4
opções disponíveis para se desafiarem em diversas distâncias, percursos
circulares, a prova rainha é o Pisão Extreme – 65 Km – 6500 d+, teve uma adesão
de 130 inscrições. As restantes provas são Pisão SkyRunning – 35 Km – 3500 d+, com
255 inscritos, Pisão Adventure – 24 Km – 2000 d+, 250 inscritos e Pisão Mini –
12 Km – 1000 d+, com 120 inscrições, perfazendo um total de 755 corajosos. Em
qualquer das distâncias seria um teste de superação pessoal, no dia, fomos
surpreendidos com um clima agreste, dificultando o desenrolar da prova.
Madrugando para o desafio…
Mais
uma prova, desta vez eu e o Fernando, madrugamos para chegar ao destino, pois a hora da partida seria às 6:00. Eu sabia a dificuldade a que me propunha, no ano
anterior a prova não tinha sido concluída e tinha percebido que não estava
preparado para este tipo de provas, este ano estava com a esperança de
ultrapassar a barreira horária das 8 horas. Em determinados momentos, pensava
que não conseguiria manter um bom ritmo para ultrapassar, outros pensava que
seria possível. Mas a incerteza era constante, esperançoso de me superar em relação à primeira edição. Uma prova,
na minha opinião, a nível nacional das mais difíceis, mas possivelmente também
a nível europeu. Uma viagem tranquila com algum nervosismo e ansiosos,
o normal de uma prova.
As rotinas da
pré-prova…
Chegamos
ao local (Carvalhais), cerca das cinco da manhã. Levantar dorsais, recolher o Tracker, equipar, fazer os últimos preparativos e rapidamente estávamos na
linha de partida para iniciar o desafio. O Convívio com o casal fantástico do
Porto (Carla e Henrique Bruno), que se propunham a mais um desafio. O tempo de
espera foi longo, algum atraso, com a ansiedade de todos os atletas. Não
partimos às 6:00 da manhã como previsto. Contagem decrescente, às 6:20, aí
vamos nós, em poucos minutos estávamos a subir a primeira serra, com uma chuva. A cada passo, o frio ia aumentando, pelos trilhos a água marcava a sua
presença, era impossível não molhar os pés, no início de uma prova de Trail,
confesso que não é muito agradável, já os bastões marcavam presença e a caminhada era já uma realidade.
O desafio…
Foto by Paulo Nunes |
Olhar para o relógio, logo no início de um
desafio, são indícios menos bons, não é muito motivante começar a contar os
minutos, os Km’s... Abreviando, a primeira dificuldade surge a subida a um dos
picos mais altos da prova, em direcção às eólicas, km 5 e estávamos no ponto
mais alto, a chuva aparece, o vento estava forte, o frio estava presente,
desde o início que as luvas faziam parte do equipamento a ser utilizado. No ponto mais alto, depois de ter concluído a primeira grande subida
tento manter um ritmo para aquecer e evitar a hipotermia, começo a ficar
convencido que seria uma luta constante até ao final da prova. No alto da
montanha apercebo-me de um atleta, ia ao meu lado a soprar para as mãos ou
quase com vontade de as colocar dentro da boca para as aquecer, as pontas dos
dedos gelam e temos de fazer algo para contornar isso, instinto de sobrevivência. Depois iniciarmos uma
descida intensa, começava o “parte pernas”, subidas intensas e descidas
demasiado técnicas, nesta fase sentia-me bem. Para não nos esquecermos da
dificuldade da prova, ainda tínhamos de enfrentar as passagens de água, uma
corrente de água muito intensa, com cordas e a organização tinha colocado alguém
naquele ponto para auxiliar a passagem, mas era impossível passar sem a água
nos molhar acima da cintura, vários atletas ficariam completamente molhados. Reparava nas minhas pernas vermelhas, mas não sentia o frio…
Primeiro
Abastecimento…
Em cerca de 1:30,
tinha feito os primeiros 7 km e estava no primeiro abastecimento (Gourim). Um abastecimento
bem recheado, cheio de coisas boas, desde presunto, ovos, batatas fritas,
coca-cola, etc. Nada faltava, das poucas provas que somos brindados com
abastecimento completos. Encontro o Fernando, dois dedos de conversa sobre o estado físico e partimos
para a prova, quase em simultâneo, o importante era abastecer e preencher o
estômago para a fome não nos “apanhar”… Pela frente iria surgir mais um
desafio, digamos que seria mais uma “parede”, o que não faltava aqui era
“paredes” pois todas as subidas são acentuadas.
Segunda
passagem molhada…
Foto by Manuel Martins - Passagem sem cordas |
Após
uma descida bastante técnica, um trilho perigoso, não só devido à sua inclinação, mas
a mistura de pedras de xisto e quartzo laminados. A água sempre presente, por vários
locais e tornava as pedras ainda mais escorregadias, impunha um ritmo mais
acelerado procurando os melhores locais para colocar os pés, no entanto, este
facilitismo ou loucura, como pretenderem chamar, originou uma queda e uma boa
dor de cotovelo, ficou dorido uns dias depois. Rapidamente em
prova, continuo até chegar a uma passagem de um rio, sem cordas e sem alguém da
organização, penso que aqui, poderia ser reforçada a segurança. Uma fila para a passagem, entre ajuda
dos participantes que esticavam os bastões para a passagem foi essencial,
porém, conseguir visualizar um atleta que se aventurou a passar numa outra zona
e a ser logo arrastado pela força da água, conseguiu sair um pouco mais há
frente, não deve ter ganho para o susto, mas quem lá estava, nada podia fazer…
Em direcção
a Regoufe...
Neste
troço seremos testados ao limite, não só por enfrentar o frio, a chuva, a
dificuldade da própria montanha, a subida, a descida, o próprio trilho repleto
de pedra solta, afiada, laminada, de tudo um pouco. Mas SkyRunning é tentar
enfrentar a natureza no seu estado puro, mesmo assim, alguns trilhos estavam limpos pela organização. Sentir a vegetação a bater nas pernas era
constante, já tinha perdido a sensação de onde ardia e onde me tinha magoado,
já doía por dentro e por fora. Enfrentávamos a subida ao segundo pico mais
alto da prova, ainda numa fase inicial, voltamos a enfrentar o frio do lado
esquerdo, adormecia os membros, cerca do Km 12, novamente as eólicas
“assobiavam”, mais uma luta para nos mantermos em prova e a chuva fria,
misturando água e granizo doí-a ao bater na cara. Pouco depois, tento acelerar na descida, mas desta vez foi curta e não deu para aquecer como
pretendia, mais uma subida. Só pensava em manter um passo de cada vez e tentar
enfrentar mais uma.
Segundo
abastecimento…
Foto by Manuel Martins |
Foto by Manuel Martins |
Foto by Manuel Martins - Regoufe |
Drave…
Sabia
que a próxima aldeia seria a aldeia mágica, Drave, ao sair de Regoufe, outra montanha para "trepar". Até chegar ao seu alto, vejo alguém que grita e de alguma forma tento encaminhar para o trilho, parecia-me tudo bem marcado, por alguma razão o pessoal baralhava-se nesta zona. Ao passar a aldeia de Drave, olho para o topo da montanha e sei que teria de a superar, tinha de chegar ao topo, não era fácil, mas um belo
desafio, era só mais um, isto porque este troço ficou gravado na minha
memória, pela dificuldade. Tinha consciência por me lembrar depois ascensão existia outra, mais alta e mais íngreme.
Durante este troço, olho para trás para apreciar a paisagem, este ano escura,
dificultando a prova. Na descida, sou inundado de imagens mentais, passavam
em flash. Saboreava a descida, acentuada, começando a chorar, faz parte as
loucuras uma espécie de meditação e libertação, “Lobo Solitário” nos trilhos, ia mesmo sozinho já fazia
algum tempo. Momentaneamente motivado, não sentia frio, estava mais
agradável, impunha algum ritmo. Começam a surgir algumas dores nos joelhos, mas
a motivação estava em alta, mais uma passagem de um rio, mais pequeno e todo o
cuidado é pouco. A minha vista conseguia visualizar uma montanha, alta e com
mais uma subida acentuada. A última dificuldade antes do abastecimento…
Foto by Paulo Nunes |
A barreira
horária…
Já tinha aumentado a rotina de
olhar para o relógio e controlar o tempo, estava com cerca de 23 km e com
menos de 7 h de prova, confiante que iria passar a barreira horária, olhava para
trás e não conseguia visualizar ninguém atrás de mim, com os bastões na mão
fazia literalmente uma escalada, tentando manter uma subida constante sem
muitas paragens, consigo chegar ao topo, agora seria acelerar. Numa fase
inicial as pernas não respondiam, começo a relembrar a edição anterior e aperceber
que fisicamente em 2018 estava com mais dificuldades. Ao olhar para o relógio vejo as 8 h de prova surge a desilusão,cerca de 26 km, um pouco esperançado que o tempo seja alargado
devido ao mau tempo que passamos e mantenho a corrida. Ao chegar ao abastecimento,
sou presenteado com as palavras de "Está barrado", pelo segundo ano consecutivo,
não é agradável ouvir. Por 8 minutos, mas regras são regras, percebi que tinha
sido o primeiro atleta a ser barrado. Próximo ano será a terceira tentativa,
para me tentar superar, mas foi mais uma tentativa de superação e perceber que
tinha reduzido o tempo, a este ponto em cerca de meia hora foi excelente e após
avaliação da prova, percebo que fui mais rápido em alguns troços,
desde o início até ao fim.
Foto by Manuel Martins - A medalha de "finisher"... |
Avaliação
da prova…
Para
quem se quer desafiar, é a prova indicada, no entanto alerto que o slogan da prova não é meramente
publicidade, “Train Hard, Race Harder
“, porque é uma prova com um nível técnico acima das médias das provas
nacionais. A nível de abastecimentos classificação máxima, assim como a
preocupação e dedicação de todos os voluntários da prova. A nível de
assistência dos bombeiros, em vários pontos da prova com uma eficácia,
excelente. Tudo bem pensado para segurança dos atletas. Prometo voltar no
próximo ano, para tentar superar-me nesta prova. Decerto que os outros desafios
desta organização são igualmente recomendados, Zela UltraMarathon e Arada Night
Race. A organização cria um prémio para quem se superar nestas 3 provas,
intitulado como Iberian Wolf Trophy, terás de
completar o três desafios. Poderia ser um belo desafio para o “Lobo Solitário”, mas decerto que 2020
ainda não será o ano, talvez um dia…
Resultados…
Nas
diferentes provas existiu algumas desistências devido a alguns imprevistos em
todas as distâncias, para terem uma ideia da dificuldade, essa também pode ser
mensurável pelo número de atletas que partiram e o número de conclusões, tendo
isso em consideração as estatísticas são:
Na prova Pisão Extreme, partiram 120 atletas concluíram 59 atletas (49%), na Pisão SkyRunning partiram 238 e cruzaram a meta 206 atletas (87%), Pisão Adventure os corajosos foram 228 e concluíram 182 (80%) e no Pisão Mini saíram 112 atletas e a conclusão foi de 100 atletas (89%), dados fornecidos pela organização. O grande campeão foi novamente Stian Angermund-Vik, tendo concluído este desafio em 9h54m40s, diminuindo em cerca de 4 minutos em relação à primeira edição. Podem consultar aqui os restantes resultados.
Na prova Pisão Extreme, partiram 120 atletas concluíram 59 atletas (49%), na Pisão SkyRunning partiram 238 e cruzaram a meta 206 atletas (87%), Pisão Adventure os corajosos foram 228 e concluíram 182 (80%) e no Pisão Mini saíram 112 atletas e a conclusão foi de 100 atletas (89%), dados fornecidos pela organização. O grande campeão foi novamente Stian Angermund-Vik, tendo concluído este desafio em 9h54m40s, diminuindo em cerca de 4 minutos em relação à primeira edição. Podem consultar aqui os restantes resultados.
Próximo desafio do “Lobo
Solitário” será em estrada e uma distância curta… Até breve!
Comentários
Enviar um comentário