Zela UltraMarathon 2021

 Zela Ultramarathon 2021

Finalmente o recomeço...

Após tanto tempo sem provas, a primeira abertura para o recomeço tinha de ser em grande, com uma prova, acima da média quer de dificuldade, quer de organização, tal como a organização StopCriativoEventos, já nos habituou. Com partida em Vouzela e a percorrer a dificuldade da serra do Caramulo, em contacto com a natureza e a sua adversidade, só vos confesso que dureza, atenuada pelas excelentes marcações e a simpatia e dedicação desta organização.

Os desafios...

Existiram desafios para todos os gostos, iniciaram no dia 1 de Maio, com a prova de 55 Km com 3500 d+ com a hora da partida às 8h. Às 16h tinha inicio o Zum Vertical Race com 3 Km  d+, com a possibilidade de ser realizado o downhill (7 Km com 1000 d-).

No dia 2 de Maio, a festa continuou com mais dois desafios Zela Sky Race com 35 Km e 2500 D+, 20 Km com 1500 d+.

Partidas a cada 3 min...

Algo novo para mim e talvez para a maioria dos atletas, as partidas seriam faseadas, em box's e com os atletas a partirem de 3 em 3 min, fiquei coma ideia que partiam 25 atletas de cada vez, a minha partida ficou marcada para as 8:12.

A noite anterior o descanso foi curto pois a agitação e o nervoso miudinho habitual estava presente, já nem me lembrava de me sentir assim, mas la estava na festa depois de ter madrugado e termos realizado uma viagem tranquila, eu e o meu companheiro destas aventuras. Ao ver o pessoal a arrancar, estava a chegar a minha vez e não sabia se a preparação estava no bom caminho e se estava pronto a este tipo de desafio com a esta dificuldade.

Contagem decrescente...

Chega a altura da partida, todos alinhados nos respectivos círculos de partida, para ser mantida a distancia de segurança, sim, porque o vírus ainda anda por aí, aquele que tanto nos limitou durante este ano e dois meses, sensivelmente, tudo bem organizado. Contagem decrescente e siga para a loucura, a prova começa logo em subida, caramba nem tive tempo para aquecer e já bufava em pouco tempo.

Apesar de alguma experiência nestas andanças, não fazia ideia do que me esperava, seria a segunda vez que me desafia nesta prova, na primeira edição aventurei-me a conhecer o skyrunning, sendo barrado ao km 43, aqui estava novamente para me desafiar e tentar "vencer" a dificuldade desta prova


Até ao km 20...

A dificuldade da prova aumentava a cada km somado e a altimetria sempre em elevada, a primeira barreira horária seria em Vasconha, tínhamos de fazer uma boa gestão de água, pois os abastecimentos nesta edição eram escassos, apenas dois, no entanto outros pontos de água seriam sinalizados no dorsal, acho que no local eram visíveis, mas seria importante a organização melhorar este ponto e no local dos abastecimentos de água, sinalizar no local "Ponto de Água", ou apenas a simbologia, só para reforçar e chamar a atenção dos atletas que por vezes vão envolvidos na prova e não se apercebem que necessitam de reabastecer. 


As descidas convidavam a manter um ritmo mais intenso, sempre com o receio de mais tarde pagar a factura, mas sentia-me bem e estava a sentir-me em casa, estava envolvido outra vez num desafio com uma dificuldade acima da média, só vos confesso, é tão bom a nossa mente não guardar o sofrimento e a dificuldade das subidas de edições anteriores, pois só assim, conseguimos nos aventurar outra vez neste tipo de provas, Ahahah..

Primeira barreira horária...

A tentar constantemente controlar o relógio, mas este não pára, com o receio de ficar barrado, com o receio de não conseguir superar o desafio, como não há nada para fazer além de correr e apreciar a paisagem, nos tempos em que esta não é convidativa a mente vagueia, fazendo contas mentais, resolvendo problemas diários e no final, apenas consegue uma paz espiritual e uma tranquilidade de superação e dever cumprido.

A ultima descida antes da barreira horária, é constante e intensa, imponho um bom ritmo, sempre a tentar anteceder os perigos de onde podes colocar o próximo pé, para evitar lesões e um entorse, parece stressante, mas acreditam que não é de todo, é fantástico toda a envolvente. No final da descida a mente, relembra-me que o abastecimento na primeira edição era naquele ponto, ao km 19, fico baralhado e pergunto aos bombeiros ali presentes onde seria o abastecimento... Mais um Km? Mudanças inesperadas, logo uma subida intensa, começo em conversas mentais entre o "tico e o teco" se é mais um km falta o "IVA", mais um pouco só para dificultar, mas sem tardar a primeiro barreira horária, já estava superada, com menos 40 minutos, estava a bom ritmo. 

Altura para me alimentar, quando decido provar as laranjas, que top, deliciosas. Consolei-me de comer as laranjas, mesmo de boa qualidade, mas alguma coisa para o estômago e vamos rumando aos próximos desafios, nem a metade da prova ainda estava e a montanha já demonstrava a sua dificuldade.

O desafio...

Esta prova, nesta edição, além da dificuldade da montanha tinha outro contra, os poucos abastecimentos, pois o próximo seria apenas ao km 43, a próxima barreira horária. Claro que temos de ir com alimentos para colmatar estas distâncias entre abastecimentos, mas o meu receio é sempre a falta de água, no entanto, a organização tinha anunciado em vários km's distintos os pontos de água existentes, que poderia colmatar a falta de outros abastecimentos, era o receio presente, mas tudo é treino e só tinha de formatar a mente para tal, a cada passo do desafio, sentia que podia ser possível concluir, mas não podia dormir... Ahah...


Subidas intensas...



Tinha formatado a mente, o objectivo seria atingir o pico de cada subida, usufruindo a seguir de cada descida, algo onde gosto e consigo aumentar a passada, talvez pelo excesso de peso...Ahahah... Sempre é mais fácil descer... As subidas intensas, faziam a malta parar, bufar, resmungar, uma mistura de sentimentos, o momento que estamos em prova olhamos para o dorsal, onde tinha o desenho das subidas e da sua inclinação teórica da prova e já tudo passa a ser relativo, já não conseguia ter a percepção se a próxima subida seria mais difícil ou mais fácil, já todas eram difíceis, mas perdido um pouco no tempo chego ao km 35...

Um mini abastecimento... 

Neste abastecimento, apenas contava que fossem apenas líquidos, falta de informação, pois a informação tinha sido divulgada, a todos os atletas. Ao chegar ao abastecimento, um pastel de Vouzela. Com tantas calorias perdidas, não hesitei e lá provei a iguaria, Reabastecimento dos "flask's", um pouco de Coca-Cola, não querendo fazer publicidade e decidi não parar muito tempo. Vejo pessoal a desistir neste ponto, mas isso não me passa pela cabeça, nesta edição, nem sequer barrado me surge na mente, tendo em conta que a primeira edição não concluí o desafio... Opah, montanha acima...



Mais uma barreira horária...

Em direcção ao km 43, o grande desafio seria chegar antes do fecho da barreira horária e ultrapassar o último obstáculo mental, sim, foi neste km que tinha sido barrado anteriormente, não queria passar pelo mesmo, sinto-me bem, quando surgiam subidas, "jasus" que violência, sim malta isto na verdade é SkyRunning, as descidas já custavam a acelerar senti-a os joelhos a começar a dar sinal de "maus tratos", mas não imaginam como adoro me sentir maltratado, na última descida ao longe avisto o abastecimento, pelos carros dos bombeiros que consigo avistar, deixo passar um colega de trail que estava com o tempo apertado e o homem parece que ganhou vida. Com menos tempo de prova do que da última vez, chego ao abastecimento, como pouca coisa, carrego-me de água e só tenho vontade de terminar...

Rumo à meta...

Enquanto me estou a preparar para sair, as conversas habituais entre a malta, em que ouvi alguém dizer que já tinham dado mais 30 minutos nesta barreira horária, comparando com a primeira edição, cheguei aqui com menos, praticamente, duas horas. Estava mais confortável e apesar de faltar ainda mais duas horas até há conclusão, já senti-a o cheirinho de prova superada. A malta comentada, se é mais 30 minutos de prova, agora vou a caminhar até há meta.... Ahahah... Vontade não me faltava, mas queria me superar, quero sempre evoluir, a frase que tanto gosto de dizer e passar aos outros, principalmente aos meus filhos..:"Nunca melhor que ninguém, apenas melhor que ontem.", pele de galinha e outras sensações porque era isso que estava a viver... Saí a bom ritmo, estava motivado, deste abastecimento iniciei com uma nova amiga de trail e comecei a motivar para ela impor um ritmo constante e a picar para ela acelerar... Foi top... Ela acelerou até há meta e eu, fui traído pelo corpo, senti um estaladão...



Quando o corpo quebra...

Como já referi, estava motivado, já tinha ultrapassado a última edição na soma de km's, tinha conseguido mais um pouco que anteriormente, era praticamente a descer até há linha final, mas fui sentindo o corpo a quebrar, alguma malta de outras distâncias iam passando, neste dia era o km vertical, mas a dada altura, PUM, as dores nos joelhos ficam mais intensas, tinha colocado a dado momento as 10 horas de conclusão da prova, tentei a todo o custo, concluir antes desse tempo, mas apesar de sentir alguma evolução com o treino, senti que ainda não era suficiente, ainda falta para conseguir concluir, em excelente forma, ou melhor, a bom ritmo e sem dores... Será que isso é possível? Ahahah 


Os últimos Km's...

A 3 km's do final, mais ou menos, decidi fazer o directo para o "facebook", a forma de informar a família e amigos que a prova foi superada e evitar de passar a fazer chamadas telefónicas após a conclusão... 

As dores nos joelhos intensificam-se e após terminar o video, só pensei que não iria voltar a gravar um directo tão longe da linha da meta... Ahahah... Apenas partilho com vocês que cada passo era uma violência, umas dores intensas que já não me lembrava de sentir, também já eram as saudades.

O directo foi emotivo e de agradecimento a toda a família que ainda tem paciência para esperar por mim para jantar, enquanto o "Lobo Solitário" está a treinar, não como um verdadeiro atleta, mas apenas para minimizar a violência das provas. Esta prova, teve uma exigência acima da média e apesar de as paisagens terem pouca vegetação e ser praticamente pedra por todo o lado ou seriam pedregulhos, pedras com uma exigência muscular acima da média, o resultado foi excelente...



Concluindo...

    Já na fase final, começava a ouvir o grande Joca na linha da meta, renasce uma força interior acima da média e tento acelerar, estava quase impossibilitado, mas ao meu ritmo acelerei qualquer coisa, cruzo a meta com 10h24m50s, na posição 51 da geral e no meu escalão 21ª posição... Missão cumprida e amplamente superada, consegui vencer o ZUM, se volto a participar no próximo ano na data já agendada pela organização para 23 e 24 de Abril, malta, nem quero pensar nisso por agora... Desafiem-se para este evento, mas preparem-se para ter a mente aberta e o corpo para sofrer. Sei que sofremos em qualquer prova, mas esta é um grande teste ao nossos limites físicos e mentais...

Parabéns a esta organização...

Mais uma prova que não me desiludiu, dureza e tudo bem marcado, nesta edição, apesar de uma análise inicial e pensar que os abastecimentos seriam poucos, acabei por concluir que eram suficientes para não sofrer em exagero. Uma sugestão de melhoria seria importante, sinalizar no local os pontos de água naturais, apesar de serem visíveis há nossa passagem e estar bem marcados no dorsal... Adoro sempre esta prova e parabenizo a SpotCriativoEventos e principalmente a todas as pessoas envolvidas na organização destes eventos, assim como não podia deixar de agradecer aos fotógrafos que ajudam a embelezar a memoria futura e em especial este artigo, Grato!!! Prémios de finisher uns calções e uma t-shirt oferta na participação no evento, um conjunto fantástico... A concluir uma medalha...UAU!!!



"Lobo Solitário" nos trilhos, onde me sinto livre... próximo desafio será o "Demo Trail"... Até lá...

 

Comentários

Mensagens populares deste blogue

Ultra Trail da Serra da Freita - Implacável (2022)

UTMB - A Estreia 2021

Val D'Aran By UTMB - VDA - A Batalha Final