Ultra Trail Serra da Freita 2021


 ULTRA TRAIL DA SERRA DA FREITA


Uma prova que adoro, uma serra professora...

Mais uma edição de uma prova bem organizada e com evolução anual, organizado pela Confraria TrotaMontes, a cada edição, aprendemos algo com esta serra, de tão dura que é apesar de ser o meu campo de treino... A organização pelas mãos do Moutinho, Flor e outras tantas pessoas envolvidas não deixam este desafio ser uma prova agradável de participar mas de uma violência anormal, poucos dias depois, queremos repetir a loucura e conhecer mais desta serra...

Foto by Lobo Solitário

A dupla a madrugar...

Mais uma vez, porque a hora da partida era cedinho, tivemos de repetir a façanha de madrugar, mais uma "Alvorada", mas desta vez a viagem era curta mas como gostamos de chegar cedo e desta vez, ainda bem, mais uma falha e aventura minha... Preparei as coisas todas atempadamente, mas ao transportar os sacos no meio da cozinha (soube depois), caiu-me o dorsal e o porta dorsal. Quando já estou a equipar-me dou por falta do dorsal, levantado durante a semana na decathlon... Desespero e irritação... Tanta organização para falhar algo.... Grrrr... Só comigo... Em modo receoso a organização arranja-me alternativa e tenho de comprar um porta dorsal na empresa que estava com um stand, a minha salvação foi a "Wild" e grato há Cláudia pela confiança e simpatia...

A Partida...

Depois desta aventura e susto, lá vou para a partida revejo a malta habitual, as máquinas e as conversas antes da prova, vou ocupar o mesmo lugar do meu primeiro dorsal... A partida muito bem organizada a terminação do dorsal seria o número que estava nos cones, com partidas a cada 5 minutos com 100 atletas de cada vez... A contagem na voz imponente do Moutinho em 5, 4, 3, 2, 1... Siga para mais uma aventura... Muita malta a apoiar pelas ruas e entramos na avenida principal de Arouca, ao passar pela frente da escola secundária, um frio na barriga salienta que em algumas horas, subo aquela escada para a conclusão (espero eu!)...

Os primeiros 15 km ...

Iniciavam-se as subidas, pois, nesta prova parece que é o "prato do dia", nesta primeira parte, só para abrir o apetite, eu sabia que tinha de enfrentar o segmento tão publicitado "Goelas do Mundo", acho que a ia enfrentar pela quarta vez, mas estava com vontade. Ao passar pelo abastecimento apenas abasteci de água, mas ia bem recheado a nível de bebida, previa um clima quente para este dia. Após ter passo pela via dolorosa com uma mistura de trilhos técnicos e de single tracks, começamos a descer para a base da primeira grande subida, o trilho era-me familiar, iniciamos o cruzar do rio, mas o pior estava para chegar...

Foto by Jorge Ramos - Topo das Goelas do Mundo


Quando começa a verdadeira subida, com o sol forte nesta zona e apesar de estar com uma boa atitude, nunca sabemos como o corpo reage, desta vez, não estava a corresponder, à medida que ia subindo, sentia-me a perder energia, a malta a apoiar na subida final, mas depois de passar um "mau bocado" com a temperatura elevada lá cheguei ao topo e a luta contra a má disposição era elevada, tentava de tudo para recuperar e lá decidi "enfardar" o único gel que tinha levado... Ao chegar a Cando tinha deixado a beleza excelente das "Goelas" e a dureza da mesma, que "biolência", vou caminhando e a tentar recuperar, a passar pela "Autoestrada" mais um segmento batizado...

Cando foto by Bruno Batista 


Depois do abastecimento...

Consigo chegar finalmente ao abastecimento, ingiro pouca comida, claro que levo reservas, mas tento comer algo mais fruta e um pouco de Coca-Cola, para uma energia momentânea, era o que precisava... aos poucos sinto-me a voltar à prova a ter energia e a conseguir superar a má disposição que me tinha atingido e já pensava no próximo desafio, após a divisão dos percursos em Cabreiros, segui-a com os meus pensamentos e a tentar recuperar o tempo perdido com a má disposição, com a descida começo a animar e a impor um ritmo interessante, começo a reconhecer o caminho e lá estava eu na base de mais uma subida...

Foto by Frítz Frítz


A "Besta"...

Começo a subir e a água em contra-corrente a água por entre as pedras serpenteava, tive a excelente ideia de arrefecer o "turbo", molhava o buff e espremia cabeça a baixo, nem sei o número de vezes que fiquei encharcado de tanta água, mas ao mesmo tempo que me molhava, parece que a água evaporava, pouco depois estava outra vez a molhar-me, passo pelo meu amigo Abílio, ia na luta, apenas lhe disse que esta é um brinquedo ao pé da anterior... Depois da luta mais uma prova superada, vamos lá até Bondança, metade da prova estava a ficar superada, um incomodo nos pés e entretanto, chego ao abastecimento...

Rumando até há "Lomba"...

Depois de chegar ao abastecimento, revejo a malta que adora trail's nos abastecimentos e uma troca de palavras, apesar de querer Coca Cola, informam que é apenas para a malta dos 100K e apenas digo que eles vão precisar mais do que eu e deixo para eles, uma forma de dizer, pois sei o que é estar na longas distâncias, será uma forma de respeitar pelo esforço que têm de enfrentar, após de comer um doce e umas frutas, fico focado para chegar à Lomba, o próximo "segmento" seria uma descida, mas somos surpreendidos com uma pequena alteração do ponto de abastecimento e ainda temos uma subida, depois, lá me senti-a em casa, a descer a bom ritmo, enquanto o terreno era técnico e com boa inclinação, mais uns trilhos, mais uma placas a identificar, a passar pelas "Berlengas", sinto-me cada vez mais próximo do segmento "Escadas do Martírio", mais um teste às pernas... Rapidamente, surge os primeiros degraus seguido da placa, o trilho não me era desconhecido...

Continuando a subir... 

Depois da escadas do martírio, a meio da subida, mais coisa menos coisa, surge o abastecimento esperado pela maior parte dos atletas... Bem recheado, sopa, sandocha e cerveja... A fome não estava no seu auge, mas decidi comer não resisto a uma bela sandocha, rejeito a cerveja, fico-me pela Coca Cola... Abasteço os bidons e ainda na dúvida se a prova ia passar pelo trilho de "Bradar aos céus" ou se ia virar à direita, apesar de me terem dito que passava aqui, ainda estava na esperança que existisse um alivio muscular nesta parte... Opah, até parece que já não sei como é o Moutinho...

Foto by Paulo Nunes


"Bradar aos Céus"...

Saio do abastecimento a caminhar, logo com uma subida íngreme para não desanimar em alcatrão, pouco depois estava novamente em trilho, com pedras no meio, parece que se considera técnico. Mais uma placa informativa do nome deste segmento, a organização não deixa passar nada despercebido e a prova da Freita, tens estas sinaléticas criando uma magia diferente na prova, sempre que te cruzas com a placa informativa, já sabes o que te espera... Ahahahah... Como não podia deixar de ser, a subida, tinha mais umas variantes tornando a parte final do trilho ainda mais acentuado, ou as vezes que fiz este trilho fiz por outros "estradões" na fase final, já não sabia nada, só pensava começar a descer para o final...

Último Abastecimento... 

Uma descida, a passar ligeiramente por perto da cascata da Mizarela, as vozes interiores já se estavam a passar por isso, não me vou alongar muito neste troço, em resumo, só vos posso confessar que gritavam... "Mas já não chega?"... "Podiam ter misericórdia por nós!" mas com outro português... Ahahah... Ficamos por aqui, apenas o importante é contrariar as vozes e seguir passo a passo e com o objectivo na cabeça de chegar ao abastecimento... Por acaso até sabia onde se situava, pois caso contrário tinha seguido sem parar, não tinha qualquer informação, algo a melhorar... Após abastecer, "bamo embora" que isto está quase...

Em direcção ao final...

Lá tínhamos mais uma subida para enfrentar, depois de passar pelo meio do parque e da Aldeia, ia em direcção ao Merujal, um pouco antes, o trilho segue para a direita e esta sim, a última subida da prova, em direcção ao Miradouro São Pedro Velho, mais uma vez disse mal da minha "vida"... Antes de chegar ao ponto mais alto da Freita, Detrelo da Malhada inicio a descida e consigo impor algum ritmo apesar de me sentir cansado, mas a contagem passou a ser decrescente em número de km, cada km mais vida ganhava com o sabor de prova superada, algum tempo depois já me encontrava na avenida principal, onde somos aplaudidos por uns e criticados por outros por entrar nestas loucuras, mas cada um sabe onde se sente bem e cada um de nós temos os nossos objectivos pessoais... A tão esperada escada da escola secundária, tinha contratado umas asas para esta fase... lolol... Cruzo a meta dentro do pavilhão com o salto habitual, uma espécie de salto há Ronaldo, por dentro a alma cheia e o grito "Siiimmmm", prova concluída...

Conclusão...

Consegui concluir a prova, com o tempo de 11h36m08s, na posição da geral 49º e na posição 19º, um excelente tempo para mim, pois consegui reduzir 1h à última participação nesta distância apesar de a dificuldade da prova ter sido aumentada este ano.

Tenho de parabenizar mais uma vez a organização que continua a fazer este evento uma referência nacional no mundo do trail, uma vénia para toda a equipa que se envolveu nesta prova e tudo o que foi necessário e obrigatório para que mais uma edição fosse um verdadeiro sucesso!!!

Foto by Paulo Nunes


Grato a todos!!

LOBO SOLITÁRIO nos trilhos, continua em evolução, porque se sente em casa... Próximo desafio será nos Pirenéus, algo acima do normal... Vamos ver como será a participação...

See you soon...




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